Prevenir O Cancro Através Da Alimentação





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INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta o cancro, a seguir à doença arterial coronária, como a doença que mais mata no mundo, na ordem dos milhões por ano que espera que aumente 70% nas próximas duas décadas, se nada se fizer para combater esta tendência. Globalmente, acredita-se que 1 em cada 6 mortes seja um caso de cancro.

A World Cancer Research Fund International (WCRFI) tem um programa há 20 anos que se chama Continuous Uptated Project (CUP) que existe no sentido de reunir, analisar e rever toda a informação científica de investigação sobre cancro, dieta, nutrição e actividade física!

Ambas as autoridades afirmam que 50% dos casos de cancro podem ser prevenidos através de indicações alimentares e relacionadas com o estilo de vida, pelo que apelam às seguintes medidas de prevenção da doença:


Fig.1- Recomendações dadas no Second Expert Report , WCRFI, 2007 (disponível na integra em: http://www.wcrf.org/int/research-we-fund/continuous-update-project-cup/second-expert-report)

Para além do controlo do peso corporal e de uma actividade física regular, a grande atenção cai sobre a alimentação, especificamente na redução do consumo de carne processada e produtos animais no geral e a aposta em plant foods (vegetais, cereais integrais, frutos e leguminosas).

CANCROS GINECOLÓGICOS

O programa CUP compilou evidências de 119 estudos mundiais, que compreendem 12 milhões de mulheres! Seguem os 3 tipos de cancro ginecológicos mais comuns e respectivas indicações no sentido da prevenção dos mesmos.

CANCRO NA MAMA

Segundo o WCRF, o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum nas mulheres (25% de todos os casos) e o segundo cancro mais comum em ambos os sexos, com 1,7 milhões de casos novos diagnosticados em 2012.

Recomendações:
1. Actividade física (vigorosa: < 17% risco de cancro da mama pré-menopausa | < 10% risco de cancro da mama após a menopausa ; moderada: < 13%)
2. Dar de mamar
3. Peso corporal o mais baixo possível, dentro do normal
4. Alimentos de origem vegetal: cereais integrais, leguminosas, vegetais, frutos e sementes

Factores de Risco:
1. Gordura corporal/Obesidade
2. Bebidas alcoólicas (1 copo de vinho/dia = >5% risco de cancro da mama após menopausa)
3. Carnes processadas e carnes vermelhas
4. Alimentos hipercalóricos (ricos em gordura ou açúcar) e bebidas açucaradas

Factores de risco que não relacionados com o estilo de vida:
• Menarca precoce (antes dos 12 anos); menopausa tardia (depois dos 55); não ter filhos ou 1ª gravidez após os 30 anos – acontecimentos que aumentam a exposição do corpo a estrogénio e progesterona.
• Radiação : raio-X, especialmente durante a adolescência.
• Medicação: terapia hormonal (estrogénio, progesterona)



CANCRO DO ENDOMETRIO

Segundo o WCRF, o cancro do endométrio é o sexto cancro mais comum entre as mulheres, com 320 mil novos casos diagnosticados em 2012. O facto de os sintomas aparecerem numa fase inicial da doença,  torna possível o diagnóstico numa fase inicial também, o que justifica a alta taxa de sobrevivência (91% > 5anos).

O painel do CUP concluiu que principalmente a gordura corporal e níveis altos de glicemia no sangue aumentam o risco de cancro do endométrio; e que actividade física e café diminuem o risco.

No sentido de diminuir a gordura corporal (factor convincente de aumento de risco de cancro do endométrio) há duas grandes recomendações: actividade física e alimentação saudável!


CANCRO NOS OVÁRIOS

Segundo o WCRF, o cancro nos ovários é assintomático numa fase inicial e por isso o seu diagnóstico acontece numa fase mais avançada da doença.

É o 7º cancro mais comum de todos os tipos, na mulher (18º de todos os tipo de cancro em ambos os sexos), com 239mil casos novos diagnosticados em 2012.

O painel do CUP concluiu que há evidências convincentes que a gordura corporal aumenta o risco deste tipo de cancro, ou seja, mantendo um peso saudável corporal podemos prevenir cerca de 5% de todos os casos deste tipo de cancro nos EUA.

Desta forma, concede-se novamente à alimentação saudável e à actividade física regular, a responsabilidade do controlo do factor de risco da doença – peso e gordura corporal.



ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

A Harvard Medical School definiu o que é uma alimentação saudável e disponibilizou essa informação de forma bastante prática que poderá consultar, em detalhe, através do link: 
(sugestão: imprima as recomendações e coloque no frigorifico para manter a informação presente e ajudar na criação de refeições saudáveis e equilibradas!).

O Healthy Eating Plate, criado por especialistas em nutrição da Harvard School of Public Health e editores da Harvard Health Publications determina de forma simples mas detalhada quais os elementos a considerar e em que proporções, numa alimentação saudável:



Vegetais e frutas deverão ser os protagonistas do seu prato SEMPRE! – ½ do prato - Preferencialmente de grande variedade. As batatas não contam como vegetais no Healthy Eating Plate pelo seu impacto nos níveis de açúcar do sangue;

Escolha SEMPRE cereais integrais – ¼ do prato – os cereais integrais têm um efeito muito menor no açúcar do sangue que os refinados;

Opte por proteínas saudáveis – ¼ do prato – peixe, feijões, frutos secos e frango são algumas sugestões feitas pela HMS. A intenção é principalmente limitar o consumo de carnes vermelhas e processadas, como salsichas e bacon, que se relacionam segundo grande evidência científica, com o aumento considerável do risco de cancro.

Óleos vegetais saudáveis – moderados – azeite, amendoim, sésamo, soja, girassol, entre outros. Evitar óleos hidrogenados.

Evitar bebidas açucaradas e leite! – beber água, chá e café. Limitar o consumo de produtos lácteos a uma ou duas doses diárias e sumos de fruta a um copo por dia e evitar as bebidas açucaradas.

Manter uma actividade física regular! – para além da alimentação, a actividade física contribui da mesma forma para o controlo do peso e gordura corporal e, consequentemente, redução do risco de cancro.


Para receitas rápidas e práticas de pequeno-almoço/lanche de acordo com as recomendações descritas, siga a página:





CONCLUSÕES

Tendo em conta a extensa evidência científica estudada até à data, o  factor de risco transversal aos tipos de cancro ginecológicos contemplados no artigo é a gordura e peso corporal, que depende principalmente de uma actividade física regular e alimentação saudável.

A alimentação saudável assenta principalmente no consumo diário de produtos de origem vegetal: vegetais, frutos, leguminosas, sementes, frutos secos e óleos vegetais. Existem fortes evidências que levam as entidades a recomendar a diminuição do consumo de lacticínios e a exclusão das bebidas açucaradas, carnes processadas e álcool!

Tendo em conta as recomendações da WCRF, contempladas no Healthy Eating Plate:

Ao serem seguidas cerca de 2mil mulheres diagnosticadas com cancro durante uma média de 5 anos, um estudos conclui que aquelas que seguiram pelo menos seis recomendações, tiveram uma redução de 33% no risco de morte durante esses anos.

Mulheres pós menopausa que seguiram mais de 5 recomendações registaram um risco 6% inferior de cancro de mama.

COMA BEM E MEXA-SE! ESTE É O SEGREDO PARA UMA VIDA CANCER FREE




Artigo escrito por Violeta Pinto Leite, traduzido por Rita Bernardes e editado por Jorge Ribeiro


Fonte de imagens: 

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